quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Apenas os biólogos e ecologistas não toparão essa idéia

Moro num condomínio de casas em Lauro de Freitas que não tinha problemas com muriçocas ou pernilongos. Nossos problemas – se é que posso chamar de problemas – eram com grilos, sapos e corujas que ainda resistiam à invasão do homem (nós).

Só que do verão passado (2008) para cá, uma invasão de muriçocas começou a perturbar nossas vidas. Mais precisamente em janeiro do ano passado (há um ano) me vi matando, sozinho, mais de 50 delas no meu quarto. Eram tantas muriçocas mortas que as paredes estavam pichadas de sangue e o chão empestado de formigas recolhendo os corpos das danadas.

Claro que eu não ganhei aquela batalha. Quanto mais matava muriçoca, mas elas apareciam. Parecia que havia uma fila indiana interminável fora de minha casa. Desisti e tentei dormir me cobrindo dos pés à cabeça. Só ficou de fora a ponta do nariz, que, inevitavelmente, foi picada.

Acordei decidido a mudar a situação. Revesti de tela toda entrada possível de insetos voadores. As portas e janelas foram totalmente recoberta por tela branca ou verde. A casa ficou um horror, o que rendeu sérias brigas com minha esposa. Mas, o que contou no final foi a redução do número de ocorrências noturnas.

Não satisfeito, abri mão dos detalhes do telhado colocando um forro que, apesar de não muito bonito (feio), impediu completamente a entrada das draconianas. O resultado foi mais bloqueio contra as muriçocas e uma casa quente e feia. Mas, a batalha ainda estava sendo perdida. Noites e noites de terror matando e sendo vítima das muriçocas.

Neste verão a coisa se intensificou e o desespero bateu à porta. Tentei de tudo: besuntei noturnamente minha família com as mais diversas fórmulas (comerciais ou não) de repelentes; coloquei o ventilador no mais veloz; plantei citronela no jardim; incensei a casa com diversos aromas. Só que a batalha ainda estava sendo perdida até que apareceu a raquete elétrica.

Invenção da década, essa raquete elétrica. Meu vizinho comprou e eu, invejosamente, comprei rapidamente as minhas. Duas é claro! Para não dar briga, pois o produto é bom demais. Além de ser divertido e vingativo ficar dando choques nas muriçocas, é bastante eficaz.

Na primeira noite foi uma festa. Matamos todas que tinham, umas cem. Ficamos tão empolgados que chegamos a fazer um campeonato caseiro. Na terceira noite já sentimos uma queda no número de muriçocas mortas. Tivemos que ampliar nossa área de atuação. Na semana seguinte chegamos a deixar as janelas e portas abertas, na esperança que uma muriçoca aparecesse para nos fazer a festa. Essa semana está sendo um tédio e já estamos brigando para ver quem mata a muriçoca desavisada que resolve aparecer.

A muriçoca morre com um choque elétrico parecido com o que se dá aos prisioneiros condenados à morte nos EUA (veja nesse link), só que nas devidas proporções. Primeiro se eletrifica a parte metálica da raquete.
Depois acerta a muriçoca voando ou pousada, ocorrendo um estralo e uma faísca. Depois sobe um cheiro de cabelo queimado. Por fim, vem uma sensação de vingança e sadismo. É muito bom! Só que vicia.

Já fiz vários cálculos e chequei à conclusão que se o governo/prefeitura desse uma raquete elétrica para cada família, o problema da dengue acabaria. Numa simulação simples eu demonstro isso: uma raquete mata em média 50 muriçocas por dia. Em Lauro de Freitas temos em torno de 30 mil famílias. O que corresponde a 1,5 milhão de muriçocas mortas todos os dias. Se cada muriçoca pesar 1 grama, é uma tonelada e meia de muriçocas mortas diariamente.

Como cada raquete custa em torno de 10 reais, o investimento é de apenas 300 mil reais. Esse investimento é nada se comparado com os gastos com agentes de combate às endemias, carros, inseticidas, hospital etc.

Apenas os biólogos e ecologistas não toparão essa idéia.

8 comentários:

Jorge Amaral disse...

Legal mesmo será quando as muriçocas ou pernilongos resolverem usar os seus coletes à prova de choque que elas já encomendaram aos biólogos e ecologistas que não toparam a idéia da raquete elétrica ...

Maria Cristina Carvalho Motta Leal disse...

Arturo,
Você é uma "figura"!!!
Chego até a pensar, de colocarmos no orçamento do Projeto, o número de raquetes, correspondente ao número de articuladores...rss

Unknown disse...

Catunda:

Como sempre, fantásticas as suas idéias. Essa consultoria grátis de como exterminar muriçocas é maravilhosa. Estou pensando em comprar, inclusive, uma raquete também para Tatau visando ampliar a equipe de caçadores de pernilongos no Monte Serrat. Estou só um pouco desolada, pois, a Cidade Baixa parece estar perdendo o posto de campeã na criação e engorda de muriçocas para Lauro de Freitas. Isso urge uma providência urgente. Sempre fomos imbatíveis nesse quesito.

Alice Senna disse...

rss... não posso deixar de me deliciar com a matéria e os coments!! aliás, não foi a toa que vc participou do novo projeto, liderado por Cris, no combate a dengue. Com tamanha expertise jamais poderia ficar de fora. Só falta aquela conversa sedutora com o povo da saúdeb para liberar os recursos...e olha que Sinda, com certeza, deixará tatau ser o mascote desse time!! Bjss

Alice Senna disse...

Sindoca saudades!!!

Vampira Dea disse...

Legal! Que análise da situação,principalmente quanto aos dados toneladas de muriçocas rsrsrs,gostei do blog vizinho.

Provisório disse...

Acho que suas muriçocas tem tamanho bem maior do que as minhas, pois aqui é impossível matar com uma raquete elétrica.

Unknown disse...

Acho que até os biólogos e ecologistas toparão essa ideia. Eu descobri recentemente a utilidade da tal raquete, após noites mal dormidas devido às muriçocas. O repelente não estava mais fazendo efeito. Passei a usar a raquete e agora já estou conseguiindo dormir tranquilo. E, além de útil, é divertido usa-la!

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